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Mãe de primeira viagem

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Conversas Maternas - Eduardo Duarte
Foto do escritorPor Sabrina Aleixo

Atraso na fala e linguagem: como identificar


Muitos são os anseios dos pais quanto ao desenvolvimento de seus filhos. Assim que eles nascem, a cada etapa uma nova descoberta, o primeiro ano de vida é considerado o momento mais importante para o desenvolvimento global da criança.

Os pais vão acompanhando cada conquista realizada por seus filhos e assim se perguntam: será que está tudo certo com meu filho? Quando vai começar a engatinhar? Ele está no tempo certo do desenvolvimento? Quando vai começar a falar “mamãe” e “papai”? Os questionamentos brotam em suas mentes e, durante o processo do crescimento da criança, algumas perguntas se dissolvem e outras vão surgindo. Elas surgem porque em cada etapa existe um marco no desenvolvimento.

"É importante lembrar que para comunicação ser efetiva, ela precisa do outro, ela precisa de interação".

Essa troca vai estabelecer uma boa qualidade de fala e linguagem para seu filho, porém, nem sempre essa interação garante a plenitude da comunicação.


OBSTÁCULOS NO DESENVOLVIMENTO:

Existem algumas situações que impedem que isso ocorra, elas acontecem quando o sujeito apresenta algum tipo de comprometimento, como por exemplo: perda na audição; fatores genéticos; privação de estímulo; transtorno de linguagem; alteração do neurodesenvolvimento; dificuldade ou alteração motora, que vão influenciar diretamente a comunicação. Observando o crescimento do seu filho, quando notar que os questionamentos estão muito recorrentes, as perguntas estão em “volume alto” e sobrecarregando suas mentes, fiquem atentos aos sinais de alerta!



O QUE OBSERVAR:

O que os pais devem observar para identificar quando minha criança está com atraso na fala e na linguagem? Os marcos de desenvolvimento da fala e linguagem! Vou ele car aqui para vocês esses marcos que vai dos 0 aos 6 anos de idade, baseado em pesquisas científicas.

(Artigo da revista CEFAC. 2020;22(2):e16219 | doi: 10.1590/1982-0216/202022216219.)


DE 0 AOS 12 MESES:

• Entre o primeiro dia e primeiro mês de vida apresenta o choro como reação à dor e à fome; acorda e assusta-se com sons intensos; • Entre os 2 e 3 meses de vida o choro se torna diferente para cada situação (fome, dor ou “manha”); as vocalizações e risos parecem estarrelacionados a sensações de bem estar; reage à fala humana: sorri, olha, vocaliza; • Até os 5 meses surgem os “jogos vocais” quando o bebê brinca com os sons que emite, fazendo repetição da mesma sílaba (ex.:/papapa/, / mamama/) • Aos 8 até os 9 meses surgem os comportamentos comunicativos intencionais; repete sons emitidos pelos outros; • As primeiras palavras surgem em torno dos 10 aos 15 meses, sendo que as palavras curtas são adquiridas primeiro do que as maisextensas; • Pode repetir palavras ditas pelos outros, porém, a repetição não tem o mesmo padrão fonológico (ex.: vai dormi... – a criança: [mimi].


DE 13 AOS 24 MESES:

• 18 meses: expansão do sistema fonológico, aumento do inventário fonético; período caracterizado pela ocorrência de substituições eomissões de sons. • Apresenta uma linguagem funcional, ou seja, comunica-se para expressar suas necessidades, chamar a atenção, informar, perguntar. • Emite palavras isoladas ou frases produzidas em bloco. (ex.: [aboveti] – “acabou o sorvete”). • Produz onomatopeias (ex.: [auau] para cachorro), palavras idiossincráticas, ou seja, palavras próprias da criança (ex.:[lianu] para ônibus), palavras contextuais (ex.: [kabo] – quando acaba o alimento do prato) e palavras de uso social (ex.: [óya] – para dirigir a atenção de alguém para algo. • Entre 18 e 22 meses produz cerca de 20 palavras e entende cerca de 50. • Mantém diálogo por meio de especularidade e complementaridade. • Compreende perguntas, imperativos e afirmações rotineiras e situacionais (ex.: “é hora de comer!” – a criança dirige-se a cozinha). • A partir dos 18 meses observa-se a produção de orações com dois e três vocábulos (ex.: [may leti] para “dá mais leite”). • Compreende ordens rotineiras e situacionais com duas ações (ex.: “Pega a chave e põe na gaveta” – a criança o faz). • Ao final deste 2° ano de vida ocorre a chamada explosão do vocabulário.


DE 2 AOS 3 ANOS:

• Todas as simplificações fonológicas são esperadas. • Aos dois anos de idade as crianças são capazes de produzir mais de 200 palavras, e aos dois anos e seis meses, mais de 500 palavras. • Entre 2 e 2:6 as frases apresentam de 3 a 4 palavras, com desvios de flexionamento nominal e verbal (ex.: “esse meu bola”; “eu comeu tudobolacha”). • Não utiliza adequadamente o gênero de pronomes pessoais (você, eu, ele/ela), possessivo (meu) e demonstrativo (esse) (ex.: “sapatominha pai”). • Perto dos 3 anos observa-se períodos coordenados (ex.: “essa boneca chóia e fazi xixi” (essa boneca chora e faz xixi)) . • Faz uso de muitos substantivos: nomes de brinquedos, objetos da casa, pessoas do convívio diário, partes do corpo (pelo menos 4), alimentos, animais, bebidas, roupas, de algumas categorias (brinquedo, comida, animal). Usa diversos verbos para representar as ações e alguns adjetivos (grande/pequeno, limpo/sujo, feio/bonito, quente/frio). • Surge a preposição “de” indicando posse, “para” indicando beneficiário (ex.: “sapato da mamãe”). • Fala e entende alguns advérbios de lugar (ali, aqui, dentro, lá, perto de) e pronomes (eu, você, mim, meu, ele, esse). Faz referência aotempo com alguns advérbios como “agora” e “ontem”, mas os utiliza de forma instável. • Compreende e responde verbalmente a perguntas com os pronomes onde, quem, o que (ex.: “Onde está a boneca?”). • Faz uso da linguagem oral para pedir (satisfazer as necessidades físicas e psicológicas), informar, perguntar, interagir. • Narra com auxílio de perguntas do outro sobre o lugar (onde), os acontecimentos (o que) e pessoas (quem). • Conversa com as pessoas, em contextos conhecidos, sobre temas concretos e referentes presentes, com turnos simples (uma oração cominformação mínima necessária para não interromper a conversação).


DE 3 AOS 4 ANOS:

• O adulto fornece um modelo para as narrativas posteriores da criança em desenvolvimento. • Aos três anos as crianças são capazes de classificar os mesmos objetos em diferentes categorias, demonstrando a mesma flexibilidadeque adultos no uso dessas categorias para inferências indutivas. • Observa-se o uso de períodos simples e compostos com 6 palavras (coordenados e subordinados com “porque” e “mas”) (ex.: “eu não vouvô come porque é ruim”). • Surgem as orações interrogativas com os pronomes “quem” e “qual” (ex.: “qual você qué?”). • Faz uso de tempos verbais no presente, passado e futuro composto, mas há desvios de flexionamento verbal por generalização de regras(ex.: “papai vai comprar pra mim” – futuro composto; “eu que comei o doce” – eu que comi o doce). • Utiliza os artigos determinados, respeitando as regras de flexionamento de gênero (as de número podem ser utilizadas por influênciacultural) (ex.: “dá a bola e o palhaço). • Aos 3:6 desaparecem: Simplificação de líquida não lateral /R/ seja por redução (ex.: [opa] – roupa; [maéco] – marreco), substituição (ex.:[lede] – rede; [kalo] – carro) ou semivocalização (ex: [kachoyo] – cachorro). • Aos 4 desaparecem: Simplificação de consoante final (liquida final /r/) seja por redução (ex.: [ma] – mar; [mekado] – mercado) ousemivocalização (ex: [kayne] – carne; [kaloy] – calor). • Léxico: entre 500 e 1000 palavras. • Aumento de significado de nomes, verbos e adjetivos, entre eles: palavras que significam sentimentos (medo, triste, alegre), partes do corpo (pelo menos 6), termos de comparação (igual/diferente). Muito frequentes todos os tipos de desvios semânticos (ex.: “o lobo soprou grande” – forte). • Adquire preposição “em”, “sobre” indicando lugar, “com” indicando acompanhamento. • Faz referência a diversos advérbios de lugar (em cima/embaixo, atrás/na frente, dentro/fora, perto/longe), mas erra ao distinguir os opostos. Usa e compreende os advérbios de tempo “agora/depois”, mas utiliza os outros advérbios de forma instável (ex.: “agora eu vou dormir” “depois eu vou brincar”). • Compreende duas ordens não relacionadas (ex.: “fecha o armário e traz a bola). • Compreende e responde verbalmente perguntas com os pronomes “como” e “quando” (ex.: “como faz para tomar banho?”). • Pede, protesta, nomeia, faz perguntas sobre referentes ausentes, usa expressões sociais para interagir. Função predominante: informativa. • Relata experiências imediatas, ou seja, aquelas que estão ocorrendo no momento em que a questão é feita. Na narrativa de histórias, hádificuldades em manter a coerência e coesão, omite elementos secundários, insere fatos não verdadeiros. Fase da narrativa primitiva. • Quanto as habilidades conversacionais, os turnos são inteligíveis e coerentes com o turno anterior. Mais mantêm do que iniciam, apresentam mais turnos simples do que expansivos (turnos com mais de uma oração, com mais informação do que o necessário, para não interromper a conversação). Se não entendidas, não se autocorrigem, repetem exatamente o que disseram.


DOS 4 AOS 6 ANOS:

• Aos 4 anos pode ocorrer trocas como, (ex.: [ʃapo] – sapo; [meʃa] – mesa), (ex.: [sapéw] – chapéu; [zelo] – gelo) e (ex: [kaeta] – careta), outroexemplo de substituição (ex.: [molãgo] – morango) ou (ex.: [peya] – pera). • Aos 5 anos desaparecem simplificação de grupo consonantal, especificamente redução (ex.: [peto] – preto; [buza] –blusa). • Léxico: entre 1500 e 3000 palavras. • Aumento significativo dos significados de nomes, verbos e adjetivos. Os desvios semânticos diminuem, mas ainda são observados, sendocomuns a superextensão (ex.: “esse vestido está pequeno aqui” (referindo-se ao comprimento – curto.) e a relação por contiguidade. • Usa e compreende vários pronomes indefinidos: outro, ninguém, alguém (ex.: “alguém fez essa sujeira aí e não fui eu”). • Obedece a uma sequência de três ordens (ex.: “pegue a bola, coloque sobre a cadeira e me traga o caminhão”). • Narra uma história conhecida sem ajuda do outro ou de figuras. Os elementos coesivos na narração ainda são falhos. • Passa a haver um equilíbrio maior entre manter e iniciar a conversação e entre turnos simples e expansivos. • Uso de período simples e compostos, incluindo subordinados com “pois” e “para que” (ex.: “Vamos desenhar esse, pois é o mais bonito!”). • Uso de tempos verbais: pretérito mais que perfeito e condicional (ex.: “Eu já tinha feito esse desenho antes de você chegar”). • Uso correto dos verbos irregulares mais utilizados. • Até os 5:6 desaparecem simplificação de grupo consonantal, silabificações (ex.: [tarator] – trator; [folor] – flor; [plego] – prego) esubstituições (ex.: [bisikreta] – bicicleta; [brusa] – blusa). • Aos 6: eventualmente pode ainda aparecer: Omissão de silaba átona em palavras polissílabas com mais de cinco silabas (ex.: [lidifikador] –liquidificador); Migração de grupo consonantal e de consoante final (liquida final) (ex.: [trige] – tigre; [pegro] – prego; [kardeno] – caderno). • Léxico: em torno de 6.000 palavras. • Aumento do significado lexical de nomes, verbos e adjetivos. • Usa e compreende os advérbios/preposições de lugar por oposição (em cima/embaixo; dentro/fora; atrás/na frente/do lado; perto/longe). Domina termos opostos como “alguns/muitos”; “mais/menos”. Os advérbios de tempo ainda podem ser usados de forma instável, mas estão frequentemente presentes no vocabulário da criança (ex.: “ontem eu fui ao circo”). • Faz perguntas sobre o tempo (ex.: “quando vai chegar o natal?”). • Descreve um objeto ou local. Demonstra habilidades metalinguísticas (define palavras, pergunta o significado delas, identifica e faz rimas). • Ao narrar mantém a organização temporal dos fatos, mesmo omitindo alguns fatos secundários, que não prejudicam o entendimento danarrativa. Não insere mais fatos não verdadeiros só para manter a narrativa: se não lembra, diz que não lembra. • Conversa com mais de um interlocutor ao mesmo tempo sobre referentes ausentes e abstratos, com turnos expansivos.


Depois de apresentadas as etapas dos marcos da criança, não se esqueça que para comunicação ser efetiva, ela precisa do outro, ela precisa de interação. Portanto, interaja com a sua criança desde bebê, em todas as oportunidades que tiver, mesmo que o bebê ainda não interaja com você. ATENÇÃO: as telas não entram nessa receita, ok!?


A busca de um profissional especializado e qualificado é essencial para responder as dúvidas quando elas surgirem. Não deixe de buscar a opinião de um especilista.


*Sabrina Aleixo é fonoaudióloga(CRFa1 13782) e psicomotricista. Especializada em Saúde Mental e Desenvolvimento da Infância e do Adolescente; especializanda em Intervenção ABA para Autismo e Deficiência Intelectual.


Fontes: * Bee, H. A criança em desenvolvimento, Porto Alegre, Artes Médicas, 2011. * Scheuer, C.; Befi-Lopes, D.M, Wertzner. Desenvolvimento da Linguagem: uma introdução. In: Fonoaudiologia Informação para a Formação. Guanabara Koogan, 2003. * Wertzner, H.F. Estudo da aquisição do sistema fonológico: crianças de três a sete anos. Revista de Atualização Cientifica, v.7, 1995 https://blogcocleativa.com/2022/07/04/dicas-fonoaudiologicas-para-desenvolvimento-da-audicao-e-fala/ https://www.scielo.br/j/codas/a/jZkdJvs4nyWLv9tdwFqBW7C/?format=pdf&lang=pt https://www.scielo.br/j/rcefac/a/8NPRL5Z8L7XdFxXtHRTphFG/?format=pdf&lang=pt



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Eu sou Geovanna Tominaga, jornalista, educadora parental, especialista em neurociência, educação e desenvolvimento infantil. Sou estudante de psicopedagogia e mãe do Gabriel. 

Apaixonada por comunicação, criei o "Conversas Maternas" pra compartilhar  dicas e informações sobre maternidade e desenvolvimento infantil na Primeira Infância para uma parentalidade mais consciente.


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