Saiba da importância do contato das crianças com atividades lúdicas e sociais
No mundo moderno, marcado pela crescente tecnologia e pela presença onipresente de dispositivos eletrônicos, é cada vez mais comum ver crianças e jovens imersos em telas de smartphones, tablets e computadores.
Essa dependência tecnológica tem levantado preocupações entre educadores, pais e especialistas, que alertam para os impactos negativos que o excesso de tempo em frente às telas pode ter no desenvolvimento infantil.
Diante desse cenário, o resgate das brincadeiras antigas tem se mostrado uma alternativa eficaz para estimular a interação social, a criatividade e o movimento das crianças, contribuindo para um desenvolvimento saudável e equilibrado.
Uso de telas na infância
Dados recentes apontam para um aumento significativo na dependência de eletrônicos entre as crianças. O excesso do uso de telas tem impacto negativo na saúde física, mental e emocional dos pequenos:
sedentarismo;
falta de interação social;
isolamento social.
Mas essas são apenas algumas das consequências observadas desse cenário preocupante. A longo prazo, os danos podem ser irremediáveis. Nesse sentido, o resgate das brincadeiras tradicionais surge como uma forma de proporcionar às crianças experiências lúdicas e enriquecedoras, que estimulem o desenvolvimento integral de suas habilidades e potenciais.
Brincadeiras antigas ainda são queridas
Uma pesquisa realizada pelo canal pago Gloob (2019) com 646 crianças brasileiras revelou que 98% delas citaram alguma brincadeira sem envolvimento com a tecnologia entre as suas favoritas.
Esse dado demonstra que, apesar da presença cada vez maior dos eletrônicos no cotidiano infantil, as crianças ainda valorizam e apreciam as atividades lúdicas que promovem a interação e a diversão em grupo. Além disso, 87% das crianças entrevistadas afirmaram preferir brincar acompanhadas, ressaltando a importância do contato humano e da socialização nas brincadeiras.
Benefícios das Brincadeiras para o Desenvolvimento Infantil
As brincadeiras tradicionais, como queimada, esconde-esconde, pique-pega, amarelinha, entre outras, oferecem uma série de benefícios para o desenvolvimento infantil.
Criatividade
estimulam a criatividade e a imaginação das crianças, permitindo que elas criem cenários, personagens e histórias a partir de sua própria inventividade.
Habilidades sociais
brincadeiras em grupo promovem a cooperação, a comunicação e o trabalho em equipe, habilidades essenciais para a vida em sociedade.
Desenvolvimento motor
contribuem para o desenvolvimento motor das crianças, estimulando a coordenação, o equilíbrio, a agilidade e a resistência física. Correr, pular, se esconder, lançar e pegar são movimentos fundamentais para o desenvolvimento saudável do corpo e para a prevenção de doenças relacionadas ao sedentarismo.
Além disso, as brincadeiras ao ar livre proporcionam às crianças contato com a natureza, estimulando a conexão com o meio ambiente e promovendo a consciência ambiental desde cedo.
Socialização e Interação em Grupo
Um dos aspectos mais significativos das brincadeiras tradicionais é a oportunidade de socialização e interação em grupo que elas proporcionam. Brincar com os colegas, compartilhar experiências, negociar regras e resolver conflitos são habilidades essenciais para o desenvolvimento socioemocional das crianças.
Através das brincadeiras em grupo, as crianças aprendem a respeitar o outro, a expressar suas emoções, a desenvolver a empatia e a construir relações saudáveis baseadas na confiança e na cooperação.
A socialização é fundamental para combater a solidão e o isolamento, problemas cada vez mais comuns na infância e na adolescência contemporâneas. Brincar em grupo permite que as crianças se sintam parte de uma comunidade, fortalecendo sua autoestima, sua autoconfiança e seu senso de pertencimento. A interação com os pares estimula a criatividade, a resolução de problemas e o desenvolvimento da linguagem, contribuindo para um desenvolvimento cognitivo mais amplo e integrado.
Brincadeiras Antigas e o Desenvolvimento Infantil
Diante da importância das brincadeiras antigas para o desenvolvimento infantil, escolas, famílias e comunidades têm se empenhado em resgatar essas atividades e reintroduzi-las no cotidiano das crianças.
Os jogos adorados pelas crianças das décadas de 1970, 80 e 90 ainda fazem sucesso atualmente, são fundamentais para manter viva a tradição das brincadeiras em grupo e para estimular a valorização dessas atividades tão importantes para o desenvolvimento saudável das crianças.
Além disso, é fundamental que pais e educadores incentivem e participem ativamente das brincadeiras tradicionais, criando espaços seguros e acolhedores para que as crianças possam explorar sua criatividade, sua imaginação e sua sociabilidade.
O contato com as brincadeiras tradicionais não só promove o bem-estar e a felicidade das crianças, mas também fortalece os laços familiares, estreita os vínculos afetivos e promove momentos de diversão e descontração em meio à correria do dia a dia.
Veja algumas brincadeiras antigas que você pode inserir no entretenimento da criançada:
CAMA DE GATO OU BRINCADEIRA DO BARBANTE
Passar por entre os dedos um cordão ou barbante que tem suas pontas ligadas e que deve se desmanchar com um único lance.
DANÇA DAS CADEIRAS
Consiste numa roda de cadeiras em que o número de assentos deve ser sempre inferior em relação aos participantes. Aquele que não conseguir sentar ao final da música, está fora.
ESCRAVOS DE JÓ
As crianças se sentam em círculo. Uma pedrinha é passada de uma criança para outra, numa coreografia de acordo com a música “Escravos de Jó”.ADEDONHA OU STOP
Cria-se uma tabela em tópicos, cada coluna da tabela recebe o nome de uma categoria de palavras como animais, automóveis, cores etc., que devem ser respondidas em um determinado tempo.
ADOLETÁ
Os participantes intercalam as mãos e cantam a música Adoleta. Quando a música acaba, o último a ter a mão batida, sai do jogo.
AMARELINHA
O jogo consiste em pular sobre um desenho riscado com giz no chão.
BALANÇA CAIXÃO
Um participante é escolhido para ser o rei e outro para ser o servo. O restante das crianças se ajoelha em fila na frente do rei, cantando a música “Balança Caixão”. Após isso, todos saem para se esconder e o servo deve procurá-los.
BATATA QUENTE
Em círculo, todos repassam uma batata de mão em mão, repetindo “Batata quente, quente…”. Até o participante vendado gritar: “Queimou!”. Então, quem estiver com a batata nas mãos troca de lugar com o jogador vendado.
CABO DE GUERRA
Duas equipes competem entre si em um teste de força puxando uma corda. Ganha a equipe que conseguir puxar totalmente a corda e derrubar os adversários.
BATATINHA FRITA 123
O chefe do grupo fica virado de costas e diz: “Batatinha frita, um, dois, três”. Enquanto isso, os participantes andam até ele. Depois, ele se vira e todos se transformam em estátuas. A brincadeira continua até que algum participante alcance o chefe.
BOLA DE GUDE
A intenção da brincadeira é bater a bolinha de gude na do adversário, para ganhar pontos ou pegar a própria bolinha dele.
ESTÁ QUENTE, ESTÁ FRIO
Um participante esconde alguns objetos. Os outros devem procurá-los, perguntando se está quente ou frio. Quente significa que estão perto de algum objeto, e frio quer dizer que estão longe.
ESTÁTUA
O líder da brincadeira coloca uma música, enquanto os participantes dançam. Quando o líder diz “estátua!”, a música para e todos ficam parados. Os que se mexem são desclassificados.
O resgate das brincadeiras tradicionais é uma forma poderosa de promover o desenvolvimento saudável e equilibrado das crianças, estimulando a interação social, a criatividade e o movimento, fundamentais para a formação integral dos pequenos.
Diante desse cenário crescente da dependência de eletrônicos, as brincadeiras surgem como uma alternativa valiosa para proporcionar experiências enriquecedoras, divertidas e significativas, que contribuam para a construção de uma infância mais plena, feliz e saudável.
*Geovanna Tominaga é jornalista, educadora parental, especialista em Neurociência, Educação e Desenvolvimento Infantil. Graduanda de Psicologia e mãe do Gabriel. É fundadora do Conversas Maternas.
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