Quantas histórias populares de territórios africanos você conhece?
A África é um continente vasto, com uma diversidade cultural extraordinária, refletida em suas histórias populares.
Cada região carrega narrativas ricas, transmitidas oralmente de geração em geração, que falam de heróis, deuses, animais e lições de vida.
Contos Africanos para crianças
Essas histórias não são apenas formas de entretenimento, mas também ferramentas de educação, transmitindo valores, ensinamentos e tradições.
Existem lendas como a de Anansi, a aranha trapaceira da mitologia Akan, que ensina sabedoria e perspicácia. E os contos sobre Nyame, o deus supremo, oferecem vislumbres da espiritualidade e da imaginação de povos da África Ocidental.
No Sul do continente, encontramos histórias como as dos San, que usam mitos para explicar a criação do mundo e a conexão entre seres humanos e natureza.
Mesmo com a riqueza dessas narrativas, muitas delas permanecem desconhecidas pelo público em geral, ofuscadas por histórias de outras culturas que dominam a mídia.
Recuperar e valorizar essas histórias é essencial para entender a pluralidade cultural.
A importância da herança cultural
Conhecer os contos de territórios africanos é mergulhar em um universo de sabedoria ancestral. Animais falantes, heróis corajosos e deuses poderosos habitam histórias que celebram resiliência, comunidade e o equilíbrio com a natureza.
Quando exploramos essas narrativas, estamos ampliando a perspectiva da criança sobre o mundo e homenageamos a rica herança cultural africana.
Com o intuito de preservar narrativas tradicionais de países africanos, educadores e estudantes de um projeto da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), produziram um compilado com 23 contos africanos para leitura.
A cartilha mostra apenas uma parte da amplitude cultural que o continente africano oferece. Em todo canto da África, tem muita história para contar. Conheça agora algumas histórias para contar para os seus filhos.
Contos africanos para as crianças conhecerem
A criação do mundo
No princípio, o Deus único criou o Sol e a Lua, que tinha a forma de cântaros, a sua primeira invenção.
O Sol é branco e quente, rodeado por oito anéis de cobre vermelho, e a Lua, de forma idêntica, tem anéis de cobre branco. As estrelas nasceram de pedras que Deus atirou para o espaço.
Para criar a Terra, Deus espremeu um pedaço de barro e, tal como fizera com as estrelas, arremessou-o para o espaço, onde ele se achatou, com o Norte no topo e o restante espalhado em diferentes regiões, à semelhança do corpo humano quando está deitado de cara para cima.
Mito de origem Dogon (grupo étnico que vive na região do Mali).
Coração-Sozinho
O Leão e a Leoa tiveram três filhos; um deu a si próprio o nome de Coração-Sozinho; o outro, escolheu o de Coração-com-a-Mãe; e o terceiro, de Coração-com-o-Pai.
Coração-Sozinho encontrou um porco e apanhou-o, mas não havia quem o ajudasse, porque o seu nome era Coração-Sozinho. Coração-com-a-Mãe encontrou um porco, apanhou-o e sua mãe veio logo para o ajudar a matar o animal. Comeram-no ambos. Coração-com-o-Pai apanhou também um porco. O pai veio logo para o ajudar. Mataram o porco e comeram os dois.
Coração-Sozinho encontrou outro porco, apanhou-o mas não o conseguiu matar. Ninguém foi em seu auxílio. Coração-Sozinho continuou nas suas caçadas, sem ajuda de ninguém. Começou a emagrecer, a emagrecer, até que um dia morreu. Os outros continuaram cheios de saúde por não terem um coração sozinho.
Conto de origem moçambicana (1979).
O Porco e o Milhafre
O Porco e o Milhafre eram dois amigos inseparáveis. O porco invejava as asas do Milhafre e insistia continuamente com o amigo para que lhe arranjasse umas iguais para voar também. O Milhafre se dispôs a fazer-lhe a vontade. Conseguiu arranjar penas de outra ave e, com cera, colou-as nos ombros e nas pernas do seu amigo Porco.
Este ficou radiante e começou a voar ao lado do seu amigo Milhafre. Quis acompanhá-lo às grandes alturas, mas a cera começou a derreter-se com o calor e as penas foram caindo uma a uma. À medida que as penas se despegavam, ia o porco descendo, contrariado. Quando as penas acabaram de se soltar, o porco caiu e bateu no chão com o focinho. E com tanta força bateu, que este, ficou achatado.
Zangou-se o Porco com o Milhafre dizendo que tinha querido matá-lo, porque grudara mal as asas. Desde essa ocasião deixou de ser amigo do Milhafre e, quando o vê pairar no alto, dá um grunhido e olha para ele desconfiado. E aqui está a razão porque o porco tem o focinho achatado e nunca mais quis voar.
Conto de origem desconhecida.
Gostou das dicas? Conta pra gente se você conhece mais histórias de origem africana aqui nos comentários!
*Geovanna Tominaga é jornalista e escritora, educadora parental, especialista em Neurociência, Educação e DesenvolvimentoInfantil. Estudante de Psicopedagogia e mãe do Gabriel.
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